No Programa de Comemorações dos 850 anos apresentado recentemente lê-se:
“As comemorações concretizarão o conceito de que serão de todos, para todos e a favor de todos e afirmarão Tomar como Pólo de competitividade de TURISMO CULTURAL.
O TURISMO CULTURAL constitui hoje e no futuro a grande área de oportunidade e o grande desafio para criar uma indústria turística rentável e sustentável e com benefícios para as populações.
A Promoção de certames de artes várias, concertos que valorizem a dimensão local e universalista do fenómeno templário, as exposições, que contribuam para potenciar a cultura como eixo estratégico de desenvolvimento económico de Tomar e, através desta o vasto e rico património histórico de Tomar, constituem-se como estratégia base da Herança dos Séculos.”
E a finalizar:
“No decurso do restante ano de comemorações, até 1 de Maio de 2011:
Exposições sobre Tomar, sobre a república;
Concertos e encontros internacionais de acordeão;
Conferências, seminários e lançamentos de novas edições;
Recriações históricas, pedagógicas e teatrais;
Festivais internacionais, Festival Bons Sons, Orquestra dos Templários;
Animação cultural;
Mostras, certames, concursos e bienais…” que só pode ser uma, não é?
Ora…
Com um orçamento de 20.000 euros inscrito em sede de Orçamento para a Herança dos Séculos, fica a sensação de que faltam várias heranças a juntar ao Programa:
A Herança da Certeza do que se quer fazer, pedra de toque do Fundador Gualdim Pais em 1160;
A Herança da Visão de Futuro que, no século XV, o Infante legou a Tomar;
A Herança do Universalismo das Descobertas;
A Herança da Sensibilidade Artística, de Castilho, de Terzi, de Olivier de Gand, Domingos Vieira Serrão.
A Herança do Desenvolvimento, captação de investimentos e consolidação económica do Marquês de Pombal, no século XVIII;
A Herança da Convicção, protagonizada por Mendes Godinho;
A Herança do Saber, de Lopes-Graça, Lourdes Castro, Silva Magalhães, Amorim Rosa, Nini Ferreira;
A Herança da Juventude tão bem plasmada nos Cortejos dos Rapazes, na Festa dos Tabuleiros, a que assistimos desde 1991.
A Herança do Bom-Senso de todos os tomarenses de há 850 anos a esta parte;
Mas sobra:
A herança do desenrasca em cima da hora, a herança do cheque em branco, a herança do pode ser que se faça não sabemos bem o quê mas logo se verá, a herança do deixa estar as coisas no estado em que estão, a herança das ruínas da Calçada de Santiago, do Convento de Santa Iria, da Porta do Sangue, da Central Eléctrica e do desmazelo na cidade. A herança do aproveitar dos outros.
Mais do que celebrar as Heranças, perde-se a oportunidade de Legar.
Legar conscientemente para garantir o Futuro.
O Deputado Municipal eleito pelo
Bloco de Esquerda
Paulo Mendes
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